Milagre de Sorrir

Homens concreto armado, duro, frio

Colunas de cimento andante

Transeuntes ambulantes

Vestidos de trapos que teu dinheiro alcança

Homens concreto áspero

Delírio fúnebre funesto do avesso perverso dos teus desejos promíscuos

Homens concreto firmado na ferrugem cotidiana dos teus dias insossos

Idolatria sem rumo sem prumo

Sem remo sem lume

Vaidades mesquinha de espelho opaco da veracidade de tu mesmo

A ermo

Diante dos abismos

Que teu coração murcho

Seco Áspero Mirrado Desnutrido

Pálido Anêmico Postiço

Sem Viço

Homem concreto de arame farpado

Teu coração gélido, frio , impalpável

E tua alma crua , ríspida , inócua

Sem o pulsar que arde e queima

Alumia e reina devaneios

Sem os esteios dos sonhos

Vigia de tua sina macabra soturna morimbunda

Sem arder e sem pulsar

Poesia que irradia rebeldia

em estradas pulverizadas

do milagre humano de sorrir

Raimundo Carvalho
Enviado por Raimundo Carvalho em 14/01/2023
Código do texto: T7695122
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