Milagre de Sorrir
Homens concreto armado, duro, frio
Colunas de cimento andante
Transeuntes ambulantes
Vestidos de trapos que teu dinheiro alcança
Homens concreto áspero
Delírio fúnebre funesto do avesso perverso dos teus desejos promíscuos
Homens concreto firmado na ferrugem cotidiana dos teus dias insossos
Idolatria sem rumo sem prumo
Sem remo sem lume
Vaidades mesquinha de espelho opaco da veracidade de tu mesmo
A ermo
Diante dos abismos
Que teu coração murcho
Seco Áspero Mirrado Desnutrido
Pálido Anêmico Postiço
Sem Viço
Homem concreto de arame farpado
Teu coração gélido, frio , impalpável
E tua alma crua , ríspida , inócua
Sem o pulsar que arde e queima
Alumia e reina devaneios
Sem os esteios dos sonhos
Vigia de tua sina macabra soturna morimbunda
Sem arder e sem pulsar
Poesia que irradia rebeldia
em estradas pulverizadas
do milagre humano de sorrir