Sobre a ausência do amor
Porque não vivi um grande amor,
Trago este rosto sombrio,
Carrego estes braços ativos
E esta mente laboriosa,
Para que o tempo não sobre
E não me sobrevenha a falta.
Porque não vivi um grande amor,
Espreito sempre o mundo ao redor,
Buscando entre as imagens que vejo
O fantasma do meu desejo.
Porque não vivi um grande amor,
Carrego este corpo assim ardente,
Disfarçado nas névoas da mente,
Ignorado pelo próprio olhar.
Porque não vivi um grande amor,
Os dias são sempre iguais,
Exceto por esta chama quase finda,
Que busco sufocar mais ainda,
Até que não queime mais.
© Shirley Carreira