Odiadores da Beleza
E o ódio
E a raiva
E o pavor
Dos fabricados em nascenças torpes
Dos agourados em partos
Dos depósitos de feiúras perniciosas
Dos maltrapilhos caolhos enfeitiçados pelos dogmas em pilhas a beira de estradas secas mortas íngremes
E o ódio a vapor
E a raiva que enraíza
E o pavor que agoniza
Os odientos pegajosos
Dos lamaçais virulentos
Homens que odeiam
Qualquer vínculo de beleza
Homens que se agonizam face a
a volúpia tenaz do belo
Homens frios, métricos, céticos,
secos, vampiros do caos de si mesmo
Dessa secura profunda oriunda
dos nefastos apetrechos volúveis
engasgados pela volúpia que vaporiza poesia !
Homens frios retos esqueléticos de tão secos de tão racionais
Homens frios retos oblíquos obtusos
de tão embevecidos da tontura tonta
dos seus dias como fastios agonias
Distante da loucura macia dos nascedouros da beleza
Homens frios inertes perversos
grossos rudes toscos
Sem nunca terem sido o gozo de se prostituir com o ventre quente em cores em cheiros em odores
do útero - alegria
dos úberes - alegria
Maestria sagrada
onde grita e palpita
tremula e orbita
os rastros e pegadas
em sonhos - ousadias .
Rasgaduras e rupturas
dos verbos - substantivos
portadores da Boniteza
alimento de mulheres e homens vivos diante do delírio e do fascínio da beleza de existir !