Para não amar um poeta
Para não amar um poeta,
Tece-se uma rede de espinhos,
Um escudo de sintagmas,
Uma seqüência de nãos.
Fecham-se os olhos à alma,
Bloqueiam-se os prismas noturnos
Que trazem, abraçados ao vento,
Saudades inexplicáveis
E afinidades atemporais.
Para não amar um poeta,
Diz-se não às fantasias,
Banindo-se para um canto d’alma
O encanto com as palavras,
Pendura-se no canto dos olhos
Uma emoção fugidia,
Um desejo descontrolado,
Transforma-se tudo em poesia.
© Shirley Carreira