O pinhal
O pinhal
Os meus pés descalços são companhia nas sortes palmilhadas dos devaneios
Numa sintonia entre a magia da vegetação nos espectantes passeios
A pulsação que me desafia os percalços dos imponentes pinheiros
Bate forte nos caminhos iluminados pelos radiantes astros dos dias soalheiros
Tudo é paradisíaco neste silêncio avassalador que me engole e me alicía
Até o calor púdico me veste de uma transparente hera que sem pudor me acaricía
A alma se despe neste pinhal de verde quente silvestre solitário
Um cheiro cipreste ambiente vem com uma brisa suave do imaginário
As raízes avançam pelos terrenos em fissuras ramificadas carinhosas
Abrem estradas em leitos serenos à sombra das árvores frondosas
Curvas sinuosas marginais serpenteiam felizes o lacrimejante tapete de moliço
Que cai do céu com a ventania neste chão de atrito periclitante movediço
E é assim que até me esqueço com alegria do meu pensamento
Para quê chamá-lo de mim se enfim ele já me vive dentro?
Luísa Rafael
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Porto, Portugal