Espantos

Também escrevo porque me sobram espantos,

porque transformo em palavras o que se perde das cores,

o que sobra pelas beiradas do dia

ou se conduz para longe dos olhos...

Talvez seja assim que me liberte deste sembrol

que me doma os anéis dos olhos,

que me faz caminhar horas de ampulheta,

retinas de mar e cais à espera

de um sono inédito, a alma em ebulição...