Dama da Noite
Talvez você nunca me veja dentro de mim.
Por mais que eu queira, e você ache que é o certo, não há querer substancial para dar forma a esse desejo.
Nem mil beijos mal encaixados ou infinitos bem-me-queres debulhados pétala por pétala. Essa flor não abrirá um só instante. Uma dama morta antes do anoitecer, afinal mulheres da noite também morrem de dia. E não há paixão que dure na ausência da beleza. Pó e néctar misturados no interior oco do que poderia ser belo, mas que ao habitar a efemeridade do instante, se foi antes mesmo de florescer. De certo: você nunca me verá dentro de mim. Nem eu.