Em pé
Em pé, cambaleante, em armadura fria,
emerge nobre soldado seguindo errante seu caminho de dor.
Sem cor, banhado em lágrimas cinzas
Só vê seu objetivo despontado em horizontes de horror.
Nada mais importa, seu sim se torna asas e sobrevoa o fogo onde tudo começou,
é sóbrio o destino do soldado que se arrasta sobre as trincheiras em que a morte reinou.
Segue as trilhas na noite onde a lua é destituída de seu reinado,
no movimento das pedras, o caminho se faz sentir
ferindo os pés cansados, sem forças, golpeados,
segue assim o nobre soldado em meio a morte onde o frio vem lhe ferir.
Desvalido, o soldado procura sua alma nos destroços de seu corpo servil
medindo suas sobras nesse circo de horrores que a vida lhe armou.
Sustenta-se em pé, escorando-se nos restos de sua vida hostil,
olhando fixo o horizonte que as dores de sua vida descorou.
Empalidece o destino na morte dos sonhos que um dia sonhou
percorrendo arcado os caminhos vermelhos onde a morte cresceu.
Segue avante, cambaleante em meio às dores, tudo que lhe restou,
do dia transformado em noite nos horizontes distantes onde a vida se perdeu.
Em pé segue o soldado,
nobre em sua armadura fria...