A viagem
A viagem
A viagem corria célere contra o tempo
Como se quisesse por magia ultrapassar o momento
Do vidro apenas a transparência turva da correria
A inexistência da imagem que rasgava a ventania
No acordar do dia destoava a rigidez da civilização
A crueldade e frieza ecoava triste num embate em contra-mão
Eu sei que existe essa nudez , e na verdade a sua essência é pertinente
Mas prefiro a ilusão da cidade numa harmonia inerente
Talvez por isso sejamos mudos na turbulência citadina
Olhos pesados no chão sobre pés que se entregam à sina
A lentidão dos passos como quem finge que caminha
A locomoção cega numa escuridão em que a vida se adivinha
Fecho a janela da desilusão e sigo num perdido pensamento
Fica a fotografia fugaz, e para trás deixo o gemido do vento
Luísa Rafael
Direitos de autor reservados
Porto, Portugal