A viagem

A viagem

A viagem corria célere contra o tempo

Como se quisesse por magia ultrapassar o momento

Do vidro apenas a transparência turva da correria

A inexistência da imagem que rasgava a ventania

No acordar do dia destoava a rigidez da civilização

A crueldade e frieza ecoava triste num embate em contra-mão

Eu sei que existe essa nudez , e na verdade a sua essência é pertinente

Mas prefiro a ilusão da cidade numa harmonia inerente

Talvez por isso sejamos mudos na turbulência citadina

Olhos pesados no chão sobre pés que se entregam à sina

A lentidão dos passos como quem finge que caminha

A locomoção cega numa escuridão em que a vida se adivinha

Fecho a janela da desilusão e sigo num perdido pensamento

Fica a fotografia fugaz, e para trás deixo o gemido do vento

Luísa Rafael

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Porto, Portugal

Luísa Rafael
Enviado por Luísa Rafael em 09/01/2023
Código do texto: T7690727
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