Porque será?

Porque será

Que visto

As minhas saudades

Que te pertencem

De dias a fio

Que não vencem

Num desalento

Sucessivo

Descrente

Onde plano

Sem asas

Num vazio

E me desafio

Com os pés

Soltos

Em liberdades

Num apego

Terreno?

Porque será

Então

Que me contrario

Num duelo

De amor

Sem vencedor

Nem vencido

De um coração

Enlouquecido

Com que vivo

Numa chama

De fogo intenso

Que crepita

E grita

Ao universo

O quanto te ama

Em verso

Rasgado

Num sufocado

Papel?

Porque será

Que o teu silêncio

Doce mel

Até me extasia

Esta aura

De mistério

Arrastada

Em areia movediça

Onde voo

Num céu etéreo

De um azul

Iludido

Onde te perdoo

Numa magia

Feiticeira

A uma rasgada

Alma

Dilacerada

De cicatrizes

Em que lá vives

A alegria

Comigo

De dias felizes?

Porque será

Que te carrego

Ao peito

E te levo

Num jeito

Obsessivo

Como uma doença

Emotiva

Uma súbita febre

Alegre

Que irradia

Amor

Numa pele

Dorida

Que arrepia

Um desejo

Um beijo

Sensual

De mulher

E em delírio

Te suspiro

Te penso

Te respiro

E afinal

Nem sequer

Te pertenço!

Luísa Rafael

Direitos de autor reservados

Porto, Portugal

Luísa Rafael
Enviado por Luísa Rafael em 07/01/2023
Código do texto: T7689256
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