Espelho meu
Espelho meu
Faço pequenos retoques no meu semblante arrastado pensativo
Vou modelando a palidez do rosto calado com o espírito decidido
O espelho olha os meus olhos serenos numa pacificidade vaga
Consoante o meu silêncio e nudez ele se adequa e se cala
Talvez ele me entenda e me oiça com a pele nua e a paisagem da alma
Me prenda nesta viagem pura que ele é companhia na sua transparente calma
Dele sopra uma ventania perolada que me penteia cada onda do caracol
Acaricia com uma pincelada o tom de areia que reflete um banho de sol
Acho até que ele gosta deste rasgo de loucura nestas manhãs do dia eleito
Gosta da ternura sonolenta desgrenhada e de cada traço imperfeito
Gosta do sorriso cansado numa mente enluarada num meticuloso pensamento
Gosta do paraíso sonhador em que vivo numa música cantada de sussurro lento
Acho até que sintoniza a mesmo batimento sentido da melodia do coração
Acho até que realiza com toda a magia o momento de amor comigo com plena dedicação
Luísa Rafael
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Porto, Portugal