HIPOTÉTICAMENTEM
Dizem que no final da rua onde vivo
vive triste e solitariamente um vizinho
dizem tratar-se de um morto-vivo
não foi visto com alguém nem sozinho.
Em sua moradia, antiga e esfalfada
sem janela alguma nem porta
escapam com os ventos da madrugada
gemidos cuja alma se amedronta.
Óperas fúnebres de natureza morta
onde a curiosidade se embebeda de medo
de uma casa velha, que arquiva segredos
que até hoje não escaparam por aquela porta.
No final da rua onde misticamente vivo
tão desacompanhado e despreocupado
não subsiste angústia, nem frio, nem medo
apenas eu, e os entes com os quais convivo.