Temperança

Temperança

Respiro a ar azul de um céu calado que me sustenta

Arrastado no pensamento por esta água lenta

Um movimento quieto em ondas que não amadurecem

O sentimento desperto em olhos fechados que não esquecem

O verde se estende em espelho abraçado na corrente

A água baloiça no joelho em cócegas num sinal dormente

O ouvido tem a curvatura de uma pauta musical

Talvez oiça a frescura que goteja no silêncio orquestral

Tudo é de um verdejante mesclado com a alma transparente

Uma brisa calma que até tem um cheiro calado quente

O pé molhado numa valsa que me convida para a dança

Numa maré descalça que se desfolha em espuma de temperança

Estou perdida nesta solidão estendida em água deserta

Entregue à imaginação solta e à deriva que de tão leve me liberta

Luísa Rafael

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Porto, Portugal

Luísa Rafael
Enviado por Luísa Rafael em 05/01/2023
Código do texto: T7687779
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