APNEIA
Imerso no dilúvio das horas, sem arca,
onde o ritmo dos ponteiros é uma pausa
constante, feito se tudo estivesse parado,
entre os silêncios barulhentos da sacada.
E na profundidade invisível dessa imagem
seca, lanço, cego, o meu arpão de palavras
pelos metilenos dos vazios que se espalham
no meio do mergulho em direção ao nada.
E emerjo, mas só vejo ao redor as fumaças
que sobem e tingem a masmorra do quarto.