PALÁCIO
Que bom dia para achar o caminho...
Ousar entre abismos para subir
Ao meu níveo e magnífico Palácio.
Como voltar lá e o teu fogo sentir?
Como voltar ao meu gélido ninho?
Ah, meu bem, meu peito está tão gelado!
Dormindo, intuirei novamente
O encoberto rumo de meu Palácio!
Com você por perto, fruirei contente
Do teu ardente amor - fogo acrisolado!
Admiro desse palácio as suas bases,
Erguidas por sobre os mais altos picos
E são as nuvens - bases de meu Palácio -
Cheias de vários jardins, os mais ricos,
Com raras flores de odores fugazes!
Impactante é a leveza de seus muros
E o vapor frio desse prédio gelado
- Que rara joia forjada em Palácio! -
De brancos gelos todo trabalhado
- Ouros brancos mais nobres e mais puros!
Nossos retratos - finas aquarelas! -
Dispostos são como um vivo tesouro
Pelas paredes frias do Palácio...
E os anjos vejo abrirem asas de ouro
Pela amplitude de belas janelas!
Mirando o horizonte pela amplidão,
Sinto-me um homem, o mais inspirado...
E no recôndito de meu Palácio
Com satisfação tenho-me isolado
Da mais dura e terrível solidão!
Como se se inalasse eternidade,
O tempo escoa muito lentamente...
E, nos domínios desse meu Palácio,
Teu fogo preso em crisol transparente
Guardo com a máxima lealdade!
Fico à vontade em seu quarto secreto...
Olhando teu ardente fogo, um vento
Sinto-o entrar cheiroso em meu Palácio
E o sol em agonias de lamento
Fenece em cumprir de Deus um decreto...
Quando o sol, porém, lento, fenecer
E eu caminhar pelas extremidades
Das nuvens - as bases de meu Palácio -
De ódios, desamores e atrocidades
Várias - de tudo isso irei me esquecer!
Preciso inalar dessa eternidade...
E no alto experimentar absorção
Do teu ardente amor nesse meu Palácio.
Porém, disso, somente entenderão
Os que fruem dessa realidade...
Bem tarde, percebi, infelizmente
A ausência daquela perfeita chave
E onde está a chave que abre tal Palácio?
Tua ausência me gerou tanto entrave!
Como salto sem ti da minha mente?
Ah, querida, foi bastante complexo
Buscar sozinho algo tão indefinido
Como o caminho para meu Palácio.
Visto que este era por mim percebido
Como só, de teus olhos, o reflexo!