VOZES QUE INTERCALAM-SE
(O eu intercala-se com vozes cúmplices que adentram-se na poesia)
A voz que intercala a outrem
É a do silêncio?
É a voz do outro que silencia
O eu a interpolar,
Sua fascinação submersa a interagir
Com a voz do outro
que afoga-se, sem direito de expressar-se.
Voz que mentaliza o rasgar da alma,
Mas a voz que intercala rejeita-o,
Ignora-o, interpola-o, neutraliza-o,
E aterra-o no silêncio do outro
Que, na obscuradidade do tempo,
Interpola-se a refletir sobre a trindade poética
Que instaura-se nos versos
E caminha a seguir a linha de frente,
Que os levará de uma ponta a outra
A desafiar e a escalar, os mais altos montes
Que instauram-se no eu dos outrens,
Que mira-se na linhagem frontal
E transpõe-se a atravessar
A imensa montanha de manto reluzente,
Que rasga-se num impetuoso vento
E abre-se numa cratera,
Que racha-se a montanhosa pedra.
E, com intrepidez, o pensante
Ultrapassa a linha de chegada.
E os outrens fingem
Não sentir a efervescência do que veem
Que revelam-se o prazer de sentir
O inóspito ato visual
Que escala-se na mente daquele
Que acredita em projetos visionários.