VOZES QUE INTERCALAM-SE

(O eu intercala-se com vozes cúmplices que adentram-se na poesia)

A voz que intercala a outrem

É a do silêncio?

É a voz do outro que silencia

O eu a interpolar,

Sua fascinação submersa a interagir

Com a voz do outro

que afoga-se, sem direito de expressar-se.

Voz que mentaliza o rasgar da alma,

Mas a voz que intercala rejeita-o,

Ignora-o, interpola-o, neutraliza-o,

E aterra-o no silêncio do outro

Que, na obscuradidade do tempo,

Interpola-se a refletir sobre a trindade poética

Que instaura-se nos versos

E caminha a seguir a linha de frente,

Que os levará de uma ponta a outra

A desafiar e a escalar, os mais altos montes

Que instauram-se no eu dos outrens,

Que mira-se na linhagem frontal

E transpõe-se a atravessar

A imensa montanha de manto reluzente,

Que rasga-se num impetuoso vento

E abre-se numa cratera,

Que racha-se a montanhosa pedra.

E, com intrepidez, o pensante

Ultrapassa a linha de chegada.

E os outrens fingem

Não sentir a efervescência do que veem

Que revelam-se o prazer de sentir

O inóspito ato visual

Que escala-se na mente daquele

Que acredita em projetos visionários.

Joceilma Ferreira Dantas
Enviado por Joceilma Ferreira Dantas em 04/01/2023
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