Tenho silêncios guardados

Tenho silêncios

Guardados

Nas paredes

Dos quartos

Sombrias

E solitárias

De luzes tardias

Em que tu adormecias

No leito das pálpebras

Sonolentas

Que te aprisionavam

Em celas imaginárias

Oniricas

Grades

Paradisíacas

Sem chaves

Em que tu

Não saías

Silêncios

Guardados

Nas alvoradas

Das esperas

Em que os meus olhos

Luzidios

De brilhos

De quimeras

Pousavam nos parapeitos

Das janelas

Frios

De granito polido

De atritos

E qualquer movimento

Ou sombra

Eram arrepios

Calados

Gritos

Silenciados

De espectativas

E sentimento

Silêncios

Guardados

Interiorizados

Num oceano ameno

Limpo

Cristalino e puro

Em que te sinto

E a ondular

Ao sabor sereno

Das ondas do mar

Onde flutuam

À deriva

Perdidos

A baloiçar

Silêncios

Guardados

Escondidos

Que procuro

De formas intuitivas

Nas minhas nuvens

Iludidas

De encanto

Suaves

Penugens

De branco

E que eu sinto

Que vens

Resgatar!

Luísa Rafael

Direitos de autor reservados

Porto, Portugal

Luísa Rafael
Enviado por Luísa Rafael em 02/01/2023
Código do texto: T7685409
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