Tenho silêncios guardados
Tenho silêncios
Guardados
Nas paredes
Dos quartos
Sombrias
E solitárias
De luzes tardias
Em que tu adormecias
No leito das pálpebras
Sonolentas
Que te aprisionavam
Em celas imaginárias
Oniricas
Grades
Paradisíacas
Sem chaves
Em que tu
Não saías
Silêncios
Guardados
Nas alvoradas
Das esperas
Em que os meus olhos
Luzidios
De brilhos
De quimeras
Pousavam nos parapeitos
Das janelas
Frios
De granito polido
De atritos
E qualquer movimento
Ou sombra
Eram arrepios
Calados
Gritos
Silenciados
De espectativas
E sentimento
Silêncios
Guardados
Interiorizados
Num oceano ameno
Limpo
Cristalino e puro
Em que te sinto
E a ondular
Ao sabor sereno
Das ondas do mar
Onde flutuam
À deriva
Perdidos
A baloiçar
Silêncios
Guardados
Escondidos
Que procuro
De formas intuitivas
Nas minhas nuvens
Iludidas
De encanto
Suaves
Penugens
De branco
E que eu sinto
Que vens
Resgatar!
Luísa Rafael
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Porto, Portugal