A teia

A teia

Num rendado que a Natureza meticulosa teceu

Orvalhado pela chuva copiosa das lágrimas do céu

Trabalha com subtileza uma aranha na sua laboriosa teia

Que apanha uma presa distraída neste véu que a enleia

Ela voava com o seu zumbido de tom repetitivo e estonteante

Perdida no carrocel da sua vida em voo cansativo rasante

Escondida por entre canteiros de floração tropical verdejante

Olhava para a tentação carnal da minha pele num cálculo distante

Mas como na vida por vezes o mal de uns é o bem dos outros

No seu percurso musical esvoaçante em ziguezagues loucos

Perante disfarçados reveses foi por um instante aprisionado

A uma rede dançante que balançava pelas celas do relvado

Quantos bordados nas mãos de Deus foram providenciais e mudaram o meu destino?

Quantos bordados nas mãos de Deus foram linhas marginais e orientaram o meu caminho?

Luísa Rafael

Direitos de autor reservados

Porto, Portugal

Luísa Rafael
Enviado por Luísa Rafael em 02/01/2023
Código do texto: T7685406
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2023. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.