A teia
A teia
Num rendado que a Natureza meticulosa teceu
Orvalhado pela chuva copiosa das lágrimas do céu
Trabalha com subtileza uma aranha na sua laboriosa teia
Que apanha uma presa distraída neste véu que a enleia
Ela voava com o seu zumbido de tom repetitivo e estonteante
Perdida no carrocel da sua vida em voo cansativo rasante
Escondida por entre canteiros de floração tropical verdejante
Olhava para a tentação carnal da minha pele num cálculo distante
Mas como na vida por vezes o mal de uns é o bem dos outros
No seu percurso musical esvoaçante em ziguezagues loucos
Perante disfarçados reveses foi por um instante aprisionado
A uma rede dançante que balançava pelas celas do relvado
Quantos bordados nas mãos de Deus foram providenciais e mudaram o meu destino?
Quantos bordados nas mãos de Deus foram linhas marginais e orientaram o meu caminho?
Luísa Rafael
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Porto, Portugal