Panos de espera
Estou sempre a tecer
panos de espera.
Espero a primavera sempre pulsante,
espero o teu olhar por um instante,
espero a noite trazer quimera.
Teço panos espera
sempre a sonhar com o teu instante,
que se revela um cavalheiro errante,
chegando manso junto à primavera.
Tenho-te mergulhado em flores,
tecendo versos de assombrar amores.
Sobretudo, tenho-te preso por um fio.
A consolar-me em sonhos,
tecendo lágrimas ao ar seco e sombrio.
Vago qual vagalume
a ascender a noite
na escuridão do breu,
trazendo preso à memória
dias de incansável espera,
mergulhado em doce quimera
tendo como companheira a dor,
que de tão doída, morreu.