UNIVERSO POÉTICO
UNIVERSO POÉTICO
Há um colóquio interno, a lua cálida é testemunha
No mundo da lua, a confidência é sempre ouvida
Os monstros mais íntimos diluem-se em poesia
Desse modo, a existência poética anima a vida
Na ausência de intencionalidade, origina-se a poesia
Natural e simplesmente potente desejo de registrar
Das lágrimas emudecidas, germina o lirismo vital
Fabrico versos que revelam segredos do esperançar
São versos que costuram meu voluntarioso coração
Outrora você deixou rasgado, alinhavo essa herança
Meu versejar indômito liberta culpas e é contemplação
São as nuances do ser que mantém viva a esperança
Ao olhar alheio, metafórica e ínfima é nossa dor
A chuva alagou aqui dentro, mas lá fora é verão
A vida se impõe e é vital ler as suas entrelinhas
Da minha poesia, o tempo é genuíno guardião
Em cada verso, revelo o legítimo desejo de viver
Instante fecundo que abrasa a alma e os amores
A escrita é o meu templo, meu abrigo, meu lar
Ambígua, que exala perfume e expurga horrores
A vida não é mãe, amável, acolhedora,
Aos órfãos, sem piedade, não são nada?
Sol, porto seguro, referência, protetora
Revelo meus segredos em última camada
Enquanto os planetas seguem a sua dança
A lua insistente me persegue, fico envolvida
Em cada sinuoso percurso, remedia cicatrizes
Para amainar o coração da inolvidável partida
No ensejo, conclamo as estrelas para brilhar
Livre do cenário, palco ou plateia, tanto faz
Brindamos com a taça de espumante embebida
E sorvida a cada cilada inesperada que jaz
A proteção nasce dos sucessivos abandonos
A ausência do versejar sucumbe a vida por fim
O templo, oficina poética é vital, restaurador
Luz oriunda da inspiração que orbita em mim...
@janaina.belle