"INGREME" Poema de: Flávio Cavalcante
ÍNGREME
I
O mais alto degrau da escada comprida
Íngreme até doer as plantas dos pés cansados
Com a cabeça erguida equilibrada na partida
Pra no fim da escada partir com voos alçados
II
Cada degrau da vida não deve se tornar exime
Tem que subir cada degrau de passo a passo
Todo cuidado é pouco para uma ida íngreme
Como na música totalmente dentro do compasso
III
Alto lá! Estou subindo os degraus inclinados
Quanto mais íngreme, chego mais perto do céu
Quero ver as estrelas em caminhos pontilhados
E aos berros soltando minha voz rouca ao léu
IV
Quero subir íngreme com uma aquarela e pincel
Boina, estilete, lápis e tintas de cores diversas
E lá de cima pintar um grandioso e mágico painel
Com as mãos borradas em tintas e submersas
V
Quero uma escada, quanto mais íngreme, melhor
Chegar ao pico mais alto, aonde nunca cheguei
Quero uma matéria rígida sem piedade e sem dó
Que só dá escada, as lembranças por onde andei