Há janelas de aconchegos
Há janelas
De aconchegos
Solitários
Vidros
De segredos
Sufocados
Em escondidos
Desassossegos
Suspiros
De lembranças
Medos
Entontecidos
Por esperanças
Em leitos adormecidos
Há janelas
Lapidadas
Em sonhos imaginários
Onde os olhos
Brilhantes
E vagos
Por lá perdidos
Em eternos instantes
Sussurram gemidos
E cantam fados
Em sorrisos
Amargurados
Há janelas
Das despedidas
De orvalhos
Confundidos
Com as lágrimas
Névoas tristes
Em vidros
Quebrados de amor
Pela dor
Das feridas
Sangrantes
E emotivas
Há janelas
Transparentes
E puras
Abertas
Com correntes
Serenadas
De paz
De desejos
Prementes
Que me invadem
De promessas
Me viram às avessas
E te trazem
Docemente
Às lembranças
Na minha mente
Das saudades
E que voa
Nas tuas asas
Das liberdades
Sabes
Estás
Em todas elas
Sempre
Presente
Quer no abismo
Do sentimento
Que me atordoa
E que me assalta
De repente
Quer nas quimeras
Que se arrastam
Suavemente
Pelos ponteiros
Do tempo
Das esperas!
Luísa Rafael
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Porto, Portugal