Canto celestial no asfalto da zona sul
Como um santo humano,
procurando justiça,
para um crime inexistente.
Vivo nesta terra sempre explorada,
sem lei para os pobres trabalhadores.
Tribunais para fundadores,
castigos arbitrários,
voluntários sem pensar.
Atiram como guerrinhas de brinquedos,
arminhas fornecidas nos quarteis.
Treinados pelos coronéis.
Alimentados com leite condensado.
Para levantar os ânimos,
um comprimidinho azul,
toda tardinha é fornecido.
Na cama tudo esquenta,
parecendo febre sazonal.
Com o gosto da distinta,
pedindo ordem unida,
esperando para gozar.
Ao longo da noite esquecendo,
que uma tropa foi mandada,
para a favela, atirar.
Escutando a notícia,
tudo foi mal explicado.
Foram traficantes atirando para se livrar.
Descumprindo uma ordem judicial,
para o morro não penetrar.
Afrontando a ordem,
queremos nossa força preservar.
Matar e nunca nos enquadrar.