DA CHAMA QUE AGONIZA

Porque próximo é o tempo doutro adeus

E o que há de ser será, desterro ou dor

No mundo mal amanhecido e estúpido

De esperança aviltada em desamor,

Persiste, réprobo aos banais, mais lúcido

Que o discurso da chama que agoniza.

Porque próximo é o tempo de estar só,

Sem cenário, sem máscara ou disfarce,

Que ser será ser só se há brio e força,

Assume as rédeas desse agora em fúria

À míngua de certezas e destinos,

Avesso a valsas, fantasias e hinos.

Porque o tempo é o carrasco das delícias

Fugazes, ossos em todo o caminho!,

Desdenha dessas distrações do espírito

Ao tempo mesmo em que, sorvendo o vinho

Da mais amarga safra, sai convicto

De ter no quanto é ser seu eu mais íntegro.

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Israel Rozário
Enviado por Israel Rozário em 30/12/2022
Código do texto: T7682693
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