Aleatório Reticente

Vinho.

O vinho no seu último gole.

Egoísta.

Tão somente para o próprio e úmido

No tremor.

Os olhos baixam e o olhar ascende

Na medida que a sede se apresenta novamente.

O frio é desnecessário:

Há uma fonte de calefação.

Se até Deus procrastinou, por que não eu?

Na minha espera espero por algo

Irredutível,

Inviável,

Inóspito...

Irreal.

Amor, portanto.

A vazia taça me julga ao me encarar:

Abandonada, largada e esquecida às moscas,

Literalmente.

Drosófilas viciosas nas poucas gotas!

E o tempo acelera, propositalmente.

E o pingo azul resplandecente me julga,

Com raiva e rancor.

Com sede de algo que eu não posso ceder.

Os fios em curvas e a mão no gesto,

A graça no aleatório reticente.

É o amor que estou sentindo?

Não devo deixar a taça vazia.

Thiago Lazzari
Enviado por Thiago Lazzari em 28/12/2022
Código do texto: T7681328
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