Aleatório Reticente
Vinho.
O vinho no seu último gole.
Egoísta.
Tão somente para o próprio e úmido
No tremor.
Os olhos baixam e o olhar ascende
Na medida que a sede se apresenta novamente.
O frio é desnecessário:
Há uma fonte de calefação.
Se até Deus procrastinou, por que não eu?
Na minha espera espero por algo
Irredutível,
Inviável,
Inóspito...
Irreal.
Amor, portanto.
A vazia taça me julga ao me encarar:
Abandonada, largada e esquecida às moscas,
Literalmente.
Drosófilas viciosas nas poucas gotas!
E o tempo acelera, propositalmente.
E o pingo azul resplandecente me julga,
Com raiva e rancor.
Com sede de algo que eu não posso ceder.
Os fios em curvas e a mão no gesto,
A graça no aleatório reticente.
É o amor que estou sentindo?
Não devo deixar a taça vazia.