Poema Visceral
Num impulso
Rasguei o peito.
Entre as costelas meti os dedos
Arranquei espinhos
Arames farpados
Tocos de ossos partidos
(pelo impacto).
Insetos grunhindo
Caroços podres de jabuticaba
Da estação passada.
Puxei tudo aos punhados
Sem nem olhar para buraco
Largando tudo do lado
Porcarias, sangue, fluídos
Efemeridades
Se empilhavam.
E quando por fim na exaustão
eu me encontrava,
Abri os olhos e
Observei meu feito.
Só então reparei
Que no meio daqueles dejetos
Uma porção de filetes dourados
Ainda se moviam aos trancos,
Pedaços de vida pura
Por minha ânsia destroçados em seu canto
Tremiam em espasmos finais.
-Acho que arranquei
Coisas demais.