Poema Visceral

Num impulso

Rasguei o peito.

Entre as costelas meti os dedos

Arranquei espinhos

Arames farpados

Tocos de ossos partidos

(pelo impacto).

Insetos grunhindo

Caroços podres de jabuticaba

Da estação passada.

Puxei tudo aos punhados

Sem nem olhar para buraco

Largando tudo do lado

Porcarias, sangue, fluídos

Efemeridades

Se empilhavam.

E quando por fim na exaustão

eu me encontrava,

Abri os olhos e

Observei meu feito.

Só então reparei

Que no meio daqueles dejetos

Uma porção de filetes dourados

Ainda se moviam aos trancos,

Pedaços de vida pura

Por minha ânsia destroçados em seu canto

Tremiam em espasmos finais.

-Acho que arranquei

Coisas demais.

Fabiana Alves
Enviado por Fabiana Alves em 27/12/2022
Código do texto: T7681074
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