As flores que não me deste

As flores

Que não me deste

Afinal

Têm a água

Campestre

Da saudade

Num solitário

Esguio

E elegante

Que te espera

Timidamente

Em felicidade

Com sede

Matinal

Urgente

Aos meus olhares

De uma pureza

Satisfeita

Uma preciosidade

Que me deleita

E alimenta

Vou regando

Encantada

Todo o dia

Esta água fria

Lenta

Vazia

Quebrada

Pela parede

De cristal

Transparente

Florindo

Com subtileza

No imaginário

Quente

Sorrindo

À Primavera

Do coração

De profunda

Incerteza

E com alegria

Vou ao campo

Buscar a ilusão

Que me inunda

E não vem

E ali

Num canteiro

Bordado

Por ti

Em pensamento

Num recanto

Soalheiro

Abraço

O sentimento

Muitas cores

Pétalas doces

Recortadas

Com intensos odores

Que levo

Pelas verdes caminhadas

Fora

No fresco regaço

Das escondidas

Dores

Em tom de acolhimento

No vestido

Entregue ao vento

Que lhe assobia

E o ondula

Em sintonia

Um dia

Quem sabe

Neste meu vaivém

Perdido

Em que me engano

De prazer

Sejas tu

Esse alguém

Do meu querer

Que eu tanto chamo

Em silêncio

A me oferecer

As flores

Que não me deste!

Luísa Rafael

Direitos de autor reservados

Porto, Portugal

Luísa Rafael
Enviado por Luísa Rafael em 26/12/2022
Código do texto: T7680336
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