INSALUBRE
A intempérie é o prelúdio
Do dilúvio de poemas sobre a chuva.
A noite toda numa simultaneidade
Contínua de solidão,
Seja lá o que for isso,
Como se chovesse centavos
No voo das cores,
Grande feito a vida
Insalubre
Com a morte na borda do mundo,
Peregrina com promessa de mofo
Às portas de abrir uma brecha no Tempo --
Tanta água,
Há choro na umidade,
A mágoa do que aconteceu --
Há tempo,
Há ruga,
Pele turva --
Preciso afogá-los em sangue
Das nascentes.
Do porto seco em terra plana
Toda superfície alude
Ao silêncio, em caso de discrepância,
Dos meus olhos andarilhos,
Tudo é longe-vento, o prazer dos sonhos --
Grave para sempre
O momento em sua bandeja de prata,
Nos trilhos, um segundo de paz.
Tormento e velórios polifônicos --
É de dar medo, mesmo assim,
Aqui dentro, um manto verde.
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