A luz da alma

Encontramo-nos no toque delicado das contas do rosário

Em conversas livres e soltas num imaculado santuário

Linhas de oração num abecedário quebrado por momentos

De pausas silenciadas por desejos e profundos sentimentos

Acaricio cada pérola do terço como dedilho as teclas do piano

Peço bençãos, viro-me ao avesso, como poemas que levitam do profano

Ganho asas de pureza, plumas sedosas e toco os céus

Desde a profundeza caótica de mim até às mãos de Deus

Debruço-me e escuto vozes no leito impoluto da interioridade

Que transbordam do peito e as aconchego com a devida solenidade

Ventos suaves de felicidades que abraçam a consciência

E por mais que o grito e o sofrimento me pertença

Os meus olhos se erguem para um clarão divino de luminosidade

E medito em oração ao longo desta caminhada de penitência

Luísa Rafael

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Porto, Portugal