NATAIS
NATAIS
O que dizer depois de tantos natais
Poderia dizer que a cada um
Um renascimento
Ou quem sabe renovação esperançosa
De tantas expectativas e vontades
De poucas mentiras e muitas verdades
Mas qual o que não é o que se vê
Há tanto desenvolvimento
Tanta tecnologia
Mas não parece haver envolvimento
Daqueles que vivem o dia a dia
Há uma certa decepção
Dos rumos da humanização
Uma importância exacerbada do possuir
E uma desimportância do usufruir
Das benesses do desenvolvimento
Um egoísmo indescritível
Do ter a qualquer preço
Do virar do avesso
As conquistas da ciência
O menosprezar da consciência
De que daqui nada se leva
Esquecer que o que enleva
É o amor o carinho
A paz do caminho
A fraternidade a felicidade
De momentos juntos
Que impere o conjunto
E não individualidades
Desigualdades
Que a nada levam
Apenas encerram
A vida sem amanhã
De esperança vã
Da inutilidade do existir
Sem entender que o ir
É inexorável a viagem
A viagem sem retorno
É destino
Portanto é desatino
Essa loucura que nos invade
O afã da propriedade
Do que não nos pertence
E nos faz ausente de essência
Grande excrescência
Da chamada humanidade
Que não passa de desumanidade