"MEMÓRIA APAGADA" Poema de: Flávio Cavalcante.
MEMÓRIA APAGADA
Poema de:
Flávio Cavalcante
I
O que me resta são as poucas lembranças
Parte das memórias não as tenho comigo
Tudo se findou como a mente das crianças
Apagadas desde o desprendimento do umbigo
II
A memória ceifada no decorrer do crescimento
Traz à tona todas as lembranças de outrora
Quem relaxa e não se abala pelo Vencimento
Entende que a sua memória já é uma senhora
III
Foi levado ao léu pelo vácuo do esquecimento
Tudo que eu havia programado pra toda a vida
Minha memória espalhada sem ressentimento
Uma unha suja e afiada, fincada em minha ferida
IV
Memória apagada é uma agulha no palheiro
Sabemos como acontece; mas, difícil de entender
Uma planta que precisa ser regada no canteiro
Ou um sol tépido e morno que acaba de perecer
V
Eu não quero que está memória seja apagada
Valorizo cada lágrima de cada lenço molhado
Na mais bela porcelana dou minha pincelada
Pra deixar acesa as memórias do meu passado