Às vezes sou maré revolta
Às vezes
Sou maré revolta
Pintada de espuma
Solta
Pelo ar
Como se fosse voar
Contra um rochedo
Num acto
De coragem
Sem medo
Num frente a frente
De bravura
Ou talvez
Loucura
Inconsciente
Sem porquês
E de repente
É só ternura
Um escorregar
De sedução
Ao viajar
Por aquela aridez
E regressar
Ao mar
E beijar, beijar
Em harmonia
Outrora
Águas bravas
Agora
Maresia
Numa carícia
Constante
Delícia
De amante
Como se a rocha
Fosse seda
Atrai uma labareda
Em chama
De um coração
A navegar
Nas insondáveis
Misteriosas
E deleitosas
Águas
Da paixão!
Luísa Rafael
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Porto, Portugal