A DOIDA
Palavra doce e fácil que lhe ocorra
Aos mais que acostumados lábios lassos?
Amor, democracia, deus e porra
Ou qualquer coisa prostituída e velha
Demais pra ser negada em termos crassos
No elogio à razão que mal espelha.
Se em contrição tão doce a doida acena
Ao bando de imbecis que tem por pares
Será tão só por ter nessa hora obscena
A voz ecoando em grêmio, igreja, bares...
Pois todo e cada qual atende a plena
Demanda dos instintos mais vulgares
E entre os amigos dizem que dá pena
Vê-la sob tal destino, tais azares...
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