Penso nem sei bem o quê
Penso
Nem sei bem
O quê
Fecho o olhar
Descaído
Aquém
De mim própria
Perdido
Nesta janela
De ninguém
Com um sopro
Sentido
Cinzento
De um céu
Lento
Que se abeirou
Aqui escondido
Neste parapeito
De sentimento
De um granito
Rugoso
Onde o peito
Volumoso
Debruçou
O seu silêncio
Com sede
Tão somente
De paz
E o rosto bebe
Avidamente
Do branco
Imaculado
De um vento
Nebuloso
Que rasga
O frio
Denso
Do tempo
E neste vazio
Harmonioso
Penso
Contemplativa
Com a alma despida
Nem sei bem
O quê
Assim como
Quem se lê!
Luísa Rafael
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Porto, Portugal