REFLEXO

(Releitura de Retrato de Cecília Meireles)

 

Ah! Eu não tinha,

não tinha não

este rosto assim marcado,

amargurado e tristonho.

O coração era alegre,

sorria pro mundo - pra vida

que, a mim, me oferecia

as mãos cheias de presentes.

De repente só restou

lábio amargo, olhar vazio.

Estremeço em arrepios

nesta longa noite escura,

em que o medo é uma tortura,

e os sonhos se perderam,

fenecendo bem ligeiro

em outonos esquecidos.

 

O tempo passou e nem vi...

Onde foi que me perdi?