Um poeta azul
Eu sonhei que eu soprava as palavras e as letras se esmiuçavam e não queriam parafrasear e que era a vida que estava tentando, mas elas insistiam em não querer rimar. Aí eu inventava uns nomes, chamava elas para brincar, de repente elas fazendo hora, sentava, debochava e fazia cena para não trabalhar. Às vezes fingia que não estava ali, se escondia e olha, mas que vadia! Às vezes eram letras combinadas e quando achava era palavras inteiras, de repente fazendo até fofoca e falando besteira e eu numa canceira querendo rimar. Vou colocar na linha essas letras miúdas que insistem em bagunçar e quando comporta fingem de boba e tem um acento querendo atrapalhar. Que desespero desse menino que tenta a vida para que as letras fiquem no lugar e até formem palavras e até versos para ver se alguém possa se interessar.