Eu digo não a este governo

Poema político de Valdir Loureiro.

Versos: 56 decassílabos ritmados.

Se existe um governo como dizem,

Vou fazer-lhe o meu trágico pedido:

Fique lá no seu mundo corrompido,

Tome conta daqueles que o bendizem.

Estou entre os cristãos que o maldizem.

Não acabe com a minha liberdade.

Não destrua a minha mocidade.

Peço que seus carrascos não me pisem.

Não me expulse da minha moradia.

Não implante o combate de guerrilha.

Não me faça ser preso de uma ilha.

Não me traga doença ou pandemia.

Não esbanje o direito de abortar.

Não proíba a minha religião.

Não me prenda, emitindo opinião.

Não permita assaltar meu celular.

Não governe o meu país com ladrão.

Não estoure dinheiro com enxame.

Se for para um desfalque, não me chame.

E não rasgue a minha constituição.

Não exclua a minha pobre pensão

Nem a minha única aposentadoria.

Não emperre a minha economia.

Não ajude a aumentar minha inflação.

Não aumente o valor do meu imposto.

E não suba a minha taxa de juros.

Não esqueça os meus planos de seguros.

Não retire a saúde do meu posto.

Não transforne seu trono em meu desgosto.

Não abale o valor do meu mercado.

Não permita invasão no meu roçado.

Não me obrigue a passar fome ou vexame.

Não me corte com a sua foice infame.

Não me bata com o seu martelo férreo.

Não afunde o piso do meu térreo.

Não confisque a minha conta bancária.

Não bloqueie este humilde correntista.

Não me tome a partilha hereditária.

Não me chame de negacionista

Por dizer Não a quem é comunista.

Não arranque de mim meu patrimônio.

Não me ensine o Evangelho do Demônio.

Não me puxe para os seus arrastões.

Não me inclua na conta dos milhões

De pessoas que foram assassinadas

Porque não fizeram as suas jogadas

Que se dizem de lances populares,

Democráticas, mas com morte e pesares,

E outros golpes de foice e marteladas.

Não rebaixe as minhas forças armadas

Nem a minha polícia e a segurança.

Não me faça um eleitor otário.

Não condene o meu verso imaginário.

Não me mate de medo e de esperança

Nem com crime da sede de vingança

Nem promessa de conto orçamentário.