NO CAMINHO
NO CAMINHO
O aroma do café enche os ares da cozinha
Pela janela a aurora se avizinha
No jornal sobre a mesa as manchetes de desgraças
Em algum canto de página talvez haja escondida alguma graça
Saio na manhã já quente
De gente e ruídos ausentes
Sigo por caminhos sempre dantes navegados
E também como sempre dou de cara com pobres e drogados
Pedem ajuda e dou alguns trocados
Para aliviar a consciência
Vítima de minha indecência
Afinal sou ignótico
Da vida qual o propósito
Se não há absolutamente nenhum
A não ser escolhas de ser ou não ser
Algo ou algum igual na desigualdade
Ou quem sabe desigual na igualdade
Continuo a caminhada penso absurda
Afinal a vida é surda
E a morte nos espreita
A esquerda ou direita
Seja lá o caminho escolhido
O fim não é escolhido
É fortuito
Sinto muito