NO CAMINHO

NO CAMINHO

O aroma do café enche os ares da cozinha

Pela janela a aurora se avizinha

No jornal sobre a mesa as manchetes de desgraças

Em algum canto de página talvez haja escondida alguma graça

Saio na manhã já quente

De gente e ruídos ausentes

Sigo por caminhos sempre dantes navegados

E também como sempre dou de cara com pobres e drogados

Pedem ajuda e dou alguns trocados

Para aliviar a consciência

Vítima de minha indecência

Afinal sou ignótico

Da vida qual o propósito

Se não há absolutamente nenhum

A não ser escolhas de ser ou não ser

Algo ou algum igual na desigualdade

Ou quem sabe desigual na igualdade

Continuo a caminhada penso absurda

Afinal a vida é surda

E a morte nos espreita

A esquerda ou direita

Seja lá o caminho escolhido

O fim não é escolhido

É fortuito

Sinto muito

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 19/12/2022
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