CARA-METADAMENTE
Procura-se uma musa,
que desafie meus guizos,
que permeie meus sentidos.
Que acolha minhas rebarbas,
que acalme meus vendavais.
Que oriente meus desvarios,
que dissipe meus suores avessos.
Uma musa voraz, dona do chão,
capaz de escrever em novas linhas,
capaz de entender inquietudes ocultas.
Uma musa aguerrida, de alma solta,
submersa no querer-bem, no acolher-bem,
que deixe o tempo menos árido,
menos tumultuado, menos arredio.
Daí nos mesclaremos sem medo, sem pé atrás,
Daí passarmos a cerzir juntos, sonhar juntos,
voar juntos, o que der na telha, juntos,
daí iremos até o certo assim quiser,
assim puder, assim abençoar,
cara-metadamente.