A noite em que você fugiu depois das 12
Você chegou as nove,
e eu pensei,
"Finalmente,
estamos aqui."
Mas então,
quase que imediatamente,
tive que jogar
aos teus pés,
tudo o que eu tinha me convencido
a parar de sentir,
e seguir,
ladeira abaixo,
com a minha razão.
Meu coração
estava de volta,
no comando
e eu perdido,
ainda mais...
invejando o calor
ao redor
dos dedos de minha mão,
que tinham chegado primeiro,
e mais longe
do que toda a ilusão
que eu vinha tecendo.
E eu pensei
em te dizer
com toda a sinceridade,
que me restava,
que eu não acreditava
nas tuas razões,
e nem queria.
Mas quase perto das onze,
você se abriu
por um segundo,
e eu pude entrar,
e ver,
um pedaço do seu mundo,
e todo o resto
que você me escondia.
Você sorriu,
mas eu sabia,
que faltava pouco
muito pouco,
para nosso último drama
acabar.
Mas enfim,
fechei os olhos
e me deixei perder
no seu cheiro,
e no gosto
de saber
que de alguma forma,
eu podia te tocar.
E que talvez
antes das doze,
eu pudesse te arrancar
do meu peito
e enfiar de volta
todo o sentimento
bem fundo,
num momento,
numa noite,
particular demais,
para esquecer.