São Paulo
Navego na solidão
Do meu ser
Tenho sede
De um líquido
Que não encontro.
O meu mundo não é este
Navego no coração
Da cidade.
A cidade grita
Os ecos da minha voz
Muda.
A retina das minhas pupilas
Retém as imagens
Do vento.
A luz da cidade
E este lago
Me invadem...
Não quero morer
Nem quero viver
Nem me basta
Ficar aqui
Refletido no lago
Cansado
E menos amado.
Navego na solidao
Do meu ser
E este lago
Invade o meu mar
E o meu mar
Me invade também..
O limite do canto
É a voz
E eu não sei cantar
O limite da vida
É o amor
E eu não soube
Amar.
E na solidão
Do meu ser
Eu naufrago.
Sem mar
Eu não vivo
Da solidão sobrevivo...
E o canto
Neste recanto
Invade a solidão.
Pássaros respondem
Ao canto que não canto
E sufocam o meu pranto...
E o mar de maria
Não mais me sacia...
Não quero sofre
Mas sofro
Não quero sonhar
Mas sonho
Não quero viver
Mas vivo
Não quero morrer...
Não quero navegar
Mas navego na solidão
Do meu ser.
Quero chorar
Mas não choro
Quero gritar
Mas não grito
Quero lutar
Mas não luto
Quero viver
Mas não sei.
Nem pranto
Nem canto
Nem cidade
Nem campo
Só esta dor
Que arde
Solidão que invade
Nesta dura realidade...
Ah! Parque do Ibirapuera
Rins da cidade,
Onde tento eliminar
As escorias da minha
Solidão.