Mané
Criado na roça
filho do seu Zé
morando numa choça,
apanhador de café,
pé descalço
e chapéu de palha
camisa remendada...
Meu nome é Mané.
Recostado ao fogão de lenha,
entre dedos, fino paieiro,
soltando fumaça qual chaminé
no rádio, modão do sanfoneiro,
ritmando com pé
acompanha ligeiro,
prazer companheiro...
Meu nome é Mané.
Pele queimada
ao sol escaldante
não teme o instante
pois sabe quem é,
na labuta do dia
sem harmonia
assim preludia...
Meu nome é Mané.
Sempre pacato,
sujeito educado
do jeito que é,
simples campônio
aguarda Santo Antônio
conceder-lhe o sonho
de um matrimônio...
Meu nome é Mané.
Não é preconceito,
Manuel, dá trabalho exprimir,
sabe como é,
entenda direito
esse conceito,
se não conseguir,
vou consentir...
Meu nome é Mané.