MERECIMENTO

 

Meu barco corre ligeiro

empurrado pelo vento.

Enfrenta as ondas e segue.

Aonde irá apressado

esse meu barco - o meu fado,

que me leva assim tão longe

como estivesse a voar.

 

As raízes são rasteiras,

não penetraram no solo.

 

As arranco e vou seguindo,

seguindo somente o instinto,

nesse estranho labirinto

que não sei onde vai dar.

 

No espaço do meu braço

eu luto, eu faço, eu desfaço,

persigo, enfim, a conquista

das coisas que mais desejo.

Como virá? Desconheço,

talvez venha num beijo...

Mas contente, pago o preço.