São olhos inundados de uma água salgada
São olhos
Inundados
De uma água
Salgada
A lembrar
O mar
Revolto
Em liberdade
Prisioneiro
De uma espuma
Que distorce
A realidade
Como uma bruma
Invólucro da alma
Em explosão
Emoção
Numa aparente
Calma
Sorridente
De olhos colados
Ao chão
Embargados
Numa atroz
Dor
No coração
Sem voz
Num embalo
Musical
Do espalmar
Das águas
Do mar
Nas rochas
As gaivotas
A cantar
O hino
Da maresia
Da noite para o dia
São tochas
A iluminar
O olhar
Prestes a transbordar
Um rio
Num desembaraçar
O novelo
Do sofrimento
Num quebrar
Do gelo
Alento
Um aliviar
Do sentimento
Que emerge de dentro
Num agora
É hora
De enxaguar
Com um lenço
Amarrotado
Este âmago de dor
De um coração
Atormentado
E penso
A vida
É dura
Mas esta maré
De cura
Sussura
Ao ouvido
Numa tonalidade
Gritante
Continua
A procura
Da felicidade!
Luísa Rafael
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Porto, Portugal