São olhos inundados de uma água salgada

São olhos

Inundados

De uma água

Salgada

A lembrar

O mar

Revolto

Em liberdade

Prisioneiro

De uma espuma

Que distorce

A realidade

Como uma bruma

Invólucro da alma

Em explosão

Emoção

Numa aparente

Calma

Sorridente

De olhos colados

Ao chão

Embargados

Numa atroz

Dor

No coração

Sem voz

Num embalo

Musical

Do espalmar

Das águas

Do mar

Nas rochas

As gaivotas

A cantar

O hino

Da maresia

Da noite para o dia

São tochas

A iluminar

O olhar

Prestes a transbordar

Um rio

Num desembaraçar

O novelo

Do sofrimento

Num quebrar

Do gelo

Alento

Um aliviar

Do sentimento

Que emerge de dentro

Num agora

É hora

De enxaguar

Com um lenço

Amarrotado

Este âmago de dor

De um coração

Atormentado

E penso

A vida

É dura

Mas esta maré

De cura

Sussura

Ao ouvido

Numa tonalidade

Gritante

Continua

A procura

Da felicidade!

Luísa Rafael

Direitos de autor reservados

Porto, Portugal

Luísa Rafael
Enviado por Luísa Rafael em 16/12/2022
Código do texto: T7672922
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