A IMPLOSÃO DA VALSA
O que te embrulha o estômago e adoece,
o que te traz o gosto mediano da derrota,
é a sala cheia de poses de teatro ulcerado
afogado em bebida ruim e ultraprocessados.
Lá fora, a guerra faz corpos estraçalhados,
cujos restos repingam protestos ressentidos,
tirando o ponto de fuga do racionalimso mofado.
E bêbado do horror cacofônico do outro lado,
onde se pisa o chão em compasso truncado,
cai-se aqui e alí, pela indiferença, resignado.
Um traste sem rumo, mulambo manipulado.
Quando nasceu lá longe esse bailado,
improvável entre a ignorância e o escárnio,
foi dar entre lustres e candelabros,
de um tempo esquecido entre linhos e retratos.
Vertiginosa é a vida breve de um passo calculado,
que termina sempre no inferno que é o acaso.
Fizeram a carnificina, a baioneta e o desastre,
pra engolir harmonias que lembrem a paz.
E aqui estamos todos nós, dançarinos,
coreografados sobe cadáveres e remorsos.
Bombas para todos os lados.