Tenho dias assim
Tenho dias
Assim
Às vezes
Olho para mim
Esculpida
Pela tempestade
Da vida
Vontade
Do Criador
Com tatuagem
De dor
Cravada
Numa pele
Delicada
Com selo do destino
Num caminho
Deserto
Incerto
Não sou nada
Apenas
Um livro
Aberto
Feito de páginas soltas
Escritas ao momento
Depois
Vem o vento
E num rápido
Folhear
Vão pelo ar
Perdidas
No seu voar
E eu
A olhar
Para esse passado
Alado
Rasurado
Sem o resgatar
Deixá-lo ir
Escapar
Da mão
E agarrar
Uma folha em branco
Sinto
No coração
Ainda há tanto, tanto
Para escrever
E nesta força
De viver
Rabisquei
Nem eu própria
Sei
O quê
Rasguei
O meu desígnio
Olhei
O firmamento
E senti
Que era ali
Naquele azul divino
Que se desenhava
Lentamente
O destino
Sorri
E segui
Em frente!
Luísa Rafael
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Porto, Portugal