#lucindanelremar CANTO DE LIBERTAÇÃO!

Quebrei as algemas,

joguei ao chão

as reais, as imaginárias...

O céu me permitiu?

Não sei! Eu sei que as quebrei!

O tempo que me prendia a ti

a terra seca que nada me dava

só me consumia

os pássaros que pousavam longe

com medo dos meus olhos

cheios de sangue, de amor de menos,

ódio, os assustavam... Talvez!

Quebrei todas elas, as reais,

as imaginárias...

Braços fortes tenho

mas frágeis estavam quando estavam

presas, submissas...

Meu tempo não me pertencia...

Só sofria...Só sofria...

Meu canto de vitória ninguém ouviu

nem o estardalhaço da algema caindo

ao chão...

Chão seco, ferido, sem flores, sem plantas,

sem uma gota sequer de orvalho...

O que quero mesmo é poder cantar, bradar

aos quatro cantos, ao pássaro cantante

que me via ali preso, sofrido,

dizer-lhe que meus olhos estão mais vermelhos

não de amor de menos, mas de emoção, de alegria

que minha vida está mais que por um fio...

Está totalmente fora de questão...

Só lamento o tempo que se foi

Mas o vento que bate em mim

é o da liberdade e agora, posso com minhas mãos

livres, molhar a terra, com meu suor de trabalho,

de pura felicidade, de choro alegre porque

quebrei as algemas reais ou imaginárias...

Quebrei e quero que ouçam meu grito que sai como soluço

que se liberta deste peito oprimido e que até então era tão

sofrido...

Sou livre! Nasci e renasci deste chão que ora bendigo!

E canto para o pássaro ouvir!

Vem, vem para mim! Bem te vi! Bem te quero quero...

Sabiá, seja o nome que tu tiveres, sou livre e posso

finalmente te fazer meu canto também ouvir!...

(15/12/2015)

Raimunda Lucinda Martins / Raio de Luz