Infinitivo
De que me adianta ter,
Se minha real necessidade é ser.
Mas, afinal de contas, ser o quê?
Ao final, muito mais fácil ter.
Me julguei possuidora
De coisas que cabiam na mão,
De lugares que cansavam os olhos.
Mas, hoje, o que sou?
Li os clássicos.
Como não encontrei respostas,
Mergulhei na dúvida.
Me restava sentir.
Sentir a brisa, o mar,
Quiçá as emoções.
Não, nada mais tenho.
Não, nada fui ou cheguei a ser.
Tudo não bastou de uma pretensão
De um pretérito perfeito.
Sim, hoje sinto
E, às vezes, até escrevo.