Olhe de novo e veja bem (2)
Caminho com os olhos atentos ao chão.
Sei de pedras e sapos e bichos mortos,
poças d’água suja,
chicletes derretidos nas calçadas,
lixo quase atômico...
Tudo remete à gente - ao que desfrutam, desprezam, desfazem, deslizam, destroem.
Vez em quando ergo a vista;
um passante cumprimenta, surpreso.
Surpreendo-me também.
(O sentido de haver gente: gerar o que desfrutam, desprezam, desfazem, deslizam, destroem.)
Ergo a vista e vejo o cotidiano, o comum, o de sempre, o desconsolo.
Caminho com olhos abertos
e sinto sono.