Tiro ao Alvo
Meu peito é um eterno alvo
Atingido por inúmeras flechas
Que passam por tantas brechas
E atravessam entradas secretas
Dia sim e dia também!
Não sei bem de onde elas vêm,
Mas golpeiam as feridas abertas
Que, por engano, achei que tivesse salvo,
Em algum momento do passado,
Depois de tê-las cicatrizado.
Às vezes é para trás o planejado salto!
Nem sempre fazemos as coisas certas...
Não poucas vezes, a consistência da pasta
Acaba se tornando um ralo caldo.
Cambaleio entre a meretriz e a casta!
Talvez precise de um laudo...
E neste balanço do pêndulo,
Acabo reconhecendo meu êmulo...
E ele mora dentro de mim ...
Ninguém mais tem este poder,
A não ser meu outro eu,
Que me acompanhará até o fim,
Nas luzes, nas sombras, nos breus,
Oscilando entre viver e morrer...
Interação brilhante do Poeta Netokof
Dia sim e outro também
Limpo minha ferida
Sem me olvidar que a vida
Desdenha-nos com desdém
Então rasgo a fantasia
Mostro o rosto inchado
Sento sozinha ao meu lado
Não espero raiar o dia
Mando a mim mesma o recado Congratulo-me sem euforia
Enquanto as setas da morte
Atingem meu peito de aço
De ferro, de carne
Soa então o alarme
E dou em mim mesma um abraço...