Tiro ao Alvo

Meu peito é um eterno alvo

Atingido por inúmeras flechas

Que passam por tantas brechas

E atravessam entradas secretas

Dia sim e dia também!

Não sei bem de onde elas vêm,

Mas golpeiam as feridas abertas

Que, por engano, achei que tivesse salvo,

Em algum momento do passado,

Depois de tê-las cicatrizado.

Às vezes é para trás o planejado salto!

Nem sempre fazemos as coisas certas...

Não poucas vezes, a consistência da pasta

Acaba se tornando um ralo caldo.

Cambaleio entre a meretriz e a casta!

Talvez precise de um laudo...

E neste balanço do pêndulo,

Acabo reconhecendo meu êmulo...

E ele mora dentro de mim ...

Ninguém mais tem este poder,

A não ser meu outro eu,

Que me acompanhará até o fim,

Nas luzes, nas sombras, nos breus,

Oscilando entre viver e morrer...

Interação brilhante do Poeta Netokof

Dia sim e outro também

Limpo minha ferida

Sem me olvidar que a vida

Desdenha-nos com desdém

Então rasgo a fantasia

Mostro o rosto inchado

Sento sozinha ao meu lado

Não espero raiar o dia

Mando a mim mesma o recado Congratulo-me sem euforia

Enquanto as setas da morte

Atingem meu peito de aço

De ferro, de carne

Soa então o alarme

E dou em mim mesma um abraço...

Ane Rose
Enviado por Ane Rose em 08/12/2022
Reeditado em 13/12/2022
Código do texto: T7667825
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2022. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.